Não é verdade que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi inocentado da acusação de tentativa de golpe de Estado. Ao considerar apenas a conclusão do relatório apresentado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2023, os posts enganosos omitem que a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o ex-presidente ainda será avaliada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam mil curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (21). As peças descontextualizadas também alcançaram milhares de visualizações no TikTok e no Kwai.
Publicações têm compartilhado uma notícia antiga sobre a conclusão da CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal para mentir que Bolsonaro foi inocentado da acusação de planejar um golpe de Estado. As peças de desinformação omitem que a denúncia apresentada pela PGR contra o ex-presidente ainda será analisada pelo STF. A corte decide se acolhe ou não o caso na próxima terça-feira (25).
Com base em investigações da PF, a PGR aponta na denúncia uma série de indícios que ligariam Bolsonaro à trama golpista criada para impedir a posse do presidente Lula (PT). Alguns dos argumentos usados são:
A “minuta do decreto golpista”, apresentada em reunião realizada em 7 de dezembro de 2022 no Palácio do Planalto. O documento previa uma série de ações para promover uma intervenção no Judiciário e impedir a posse de Lula. Em depoimentos, militares confirmaram a presença do ex-presidente na reunião;
Durante as investigações, a PF encontrou também documentos que estavam em posse do então ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Augusto Heleno e do então diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem que enumeravam ações que deveriam ser adotadas por Bolsonaro e o restante do grupo. Duvidar do sistema eleitoral era uma delas;
As investigações também mostraram a atuação de um grupo de agentes, que usaram ilegalmente a estrutura da Abin para espionar e atacar instituições, além de espalhar desinformação. Esses ataques se tornaram mais frequentes a partir de 2021, quando também ocorreu uma escalada no discurso golpista do ex-presidente, o que mostraria uma coordenação com o intuito de romper a ordem democrática.