É #FAKE Posts enganam ao alegar que massacre na Síria mira cristãos e que ONU e Papa não se pronunciaram

Não é verdade que o massacre que ocorre na Síria mira civis cristãos e que a ONU (Organização das Nações Unidas) e o Papa Francisco não se pronunciaram sobre o caso. Tanto as Nações Unidas quanto o Vaticano repudiaram oficialmente no último domingo (9) a escalada da violência no país, que tem vitimado pessoas da minoria religiosa islâmica alauíta, da qual faz parte o ex-ditador Bashar al-Assad.

Publicações nas redes com o conteúdo distorcido acumulavam 22 mil curtidas no Instagram até a tarde desta segunda-feira (10) e centenas de compartilhamentos no Facebook. Os posts enganosos também circulam em outros idiomas.

Posts nas redes mentem ao afirmar que um conflito entre as forças de segurança do novo governo da Síria contra grupos leais ao ex-ditador Bashar al-Assad seria um ato de perseguição da Jihad Islâmica contra a comunidade cristã no país e que nem a ONU nem o papa Francisco teriam se pronunciado sobre o caso.

Na verdade, as acusações que recaem sobre o governo do presidente interino Ahmed Sharaa e jihadistas aliados são de que as forças de segurança sírias seriam responsáveis pela morte de centenas de pessoas da minoria religiosa alauíta — braço do islamismo xiita, que representa cerca de 10% da população da Síria. A família Assad compõe o grupo religioso, visto como fiel ao ex-ditador.

Segundo dados do Observatório Sírio de Direitos Humanos, ao menos 1.500 pessoas — sendo 973 civis — morreram nos confrontos, que começaram na última quinta-feira (6). Nesta segunda (10), o porta-voz do Ministério da Defesa sírio, Hassan Abdul Ghani, informou o fim da operação militar.

As peças também enganam ao dizer que a ONU não se pronunciou sobre o caso. Por meio de um comunicado divulgado no domingo (9), o alto-comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, pediu o fim imediato dos ataques. O enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, também disse na última sexta (7) estar “alarmado” com os relatos de vítimas civis.

Nesta segunda-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU se reuniu a portas fechadas para discutir a situação do país do Oriente Médio.

Variações dessa peça desinformativa também alegam que o Papa Francisco, que continua internado devido a complicações respiratórias, não teria comentado sobre o massacre na Síria, o que não é verdade. O pontífice demonstrou preocupação com a situação na oração do Angelus, no último domingo (9), e disse esperar que “cessem definitivamente” os combates na região.

Cristãos na Síria. Após a queda de Bashar al-Assad, minorias religiosas na Síria, como os cristãos, demonstraram preocupação com o novo governo, que tem origem na antiga Al Qaeda. Os cristãos, assim como os drusos e os alauítas, eram vistos como protegidos e aliados de Assad.

Em dezembro do ano passado, com a proximidade do Natal, religiosos ortodoxos orientaram que cristãos reduzissem as celebrações para evitar retaliação. O presidente interino, Ahmed al-Sharaa, no entanto, afirmou na época que não haveria perseguição contra as minorias religiosas.

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