
“Cadáveres em movimento” em Bucha, tatuagens de Putin em pacientes de uma clínica, Hitler na capa da “Vogue” e “nazistas ucranianos” que tumultuaram a Copa do Catar foram algumas das principais fake news do ano de 2022.
Após a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro, a guerra de informações em paralelo ao conflito foi acompanhada por campanhas de desinformação em larga escala, propaganda e teorias da conspiração especialmente nas redes sociais.
A equipe do NewsGuard, que há anos está engajada na luta contra a desinformação, identificou 311 sites que publicam fake news pró-Kremlin para justificar a guerra de agressão da Rússia.
Não é de se admirar que a equipe de checagem de fatos da DW, em 2022, tenha analisado principalmente notícias falsas sobre a guerra na Ucrânia, mas houve também curiosidades em áreas como saúde, esporte e meio ambiente, nas quais nos aprofundamos abaixo.
Não, não havia “cadáveres em movimento” em Bucha
No início de abril, as imagens de civis mortos em Bucha, uma vila perto de Kiev, causaram horror em todo o mundo. Centenas de cadáveres ficaram nas ruas depois que soldados russos deixaram o local, no final de março. O governo ucraniano falou de um “massacre deliberado” por soldados russos, e a Rússia respondeu com uma acusação terrível: os vídeos de Bucha teriam sido encenados. A narrativa correspondente, de que os cadáveres eram apenas atores que até se mexiam, espalhou-se rapidamente nas redes sociais – e, segundo alguns usuários, um vídeo poderia comprová-la.
Um suposto “cadáver em movimento” numa resolução superior mostrou: a impressão de que a mão de um morto teria se movimentado foi criada por uma gota d’água no para-brisa do carro do qual a rua em Bucha foi filmada.
Peritos forenses digitais independentes confirmaram e uma investigação do New York Times também mostrou que imagens de satélite da empresa americana Maxar provaam que os corpos jaziam na rua Yablunska, em Bucha, desde 19 de março – e, em alguns casos, até mesmo desde 11 de março.
Essas imagens contradizem claramente o relato russo de que os corpos só apareceram após a retirada das tropas russas em 30 de março. Negar alegados crimes de guerra e rotular as evidências como falsas se tornaram estratégia de uma Rússia em guerra.